Um dia, um homem fez um poema que dizia muitas coisas. Guardou-o para si pois já antes tinha acontecido situação semelhante. As coisas não tinham corrido bem. Nessa altura, mal tinha acabado de fazer o último verso (ele não gostava de dar esse nome às frases), foi logo mostrar todo o conjunto a Alguém da sua terra. Esse Alguém lê-o com toda a atenção, pelo menos parecia, e no final fechou os olhos com muita força.
O homem perguntou:
- Então, achas muito triste?
- Triste?
- Sim...triste.
- Olha homem, não percebi uma única palavra do que escreveste – disse o Alguém.
Passaram cinco anos, desde que decidira escrever outra vez. Até então ficara fechado em casa, sem espírito, grande fome ou apoquentação.
Naquele dia, não se sabe muito bem porquê, afiou o lápis, foi buscar uns envelopes velhos, e preparou-se. Isto é, sentou-se na mesa da cozinha.
Agora escrevia outra vez e rapidamente. Parecia mesmo que não tinha perdido tudo.
No final da tarde, tinha seis envelopes e dois guardanapos escritos. Exausto, foi fazer um chá de menta, e riu-se sozinho quando a chaleira miou.
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