( Edward Matthew Hale, Blue Mosaic)A Pequena Ideia era uma criatura muito pacífica. Não falava ao telefone, muito menos ao telemóvel, não via televisão, excepto para saber do estado do tempo, e não dava ouvidos às más línguas. Vivia a sua vida como quem tem direito a ela, e nada mais.
Todas as manhãs acordava sem precisar de despertador. Vestia-se rapidamente (não gostava de perder tempo) e ia para o beiral da sua pequena janela, pensar. Muitas coisas lhe passavam pela cabeça e tudo era cuidadosamente apontado, num bloco de notas sem linhas.
Encostado, a uma das quatro paredes da sua casa, estava um armário com mil gavetas, todas com a mesma largura e profundidade. Era aí que guardava as suas notas. O armário estava dividido em várias secções, sendo possível acrescentar-se outras tantas, conforme o assunto pensado. As secções mais preenchidas diziam respeito ao estado do tempo, ao futuro da Humanidade, e ao amor. Era para estes temas que o seu pensamento mais viajava, todas as manhãs.
A Pequena Ideia nunca se comovia, a motivação e a necessidade de pensar tinham-na tornado imune a esse tipo de coisas. Escrevia, escrevia, e deixava o dia passar por si. Até ao dia seguinte.
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