Ela não precisava de dizer uma palavra. Nem se sabe explicar. Era um baixar da cabeça imperceptível para todos (até os pássaros mais atentos seguiam o seu caminho, sem reparar).
Tudo se realizava na parcimónia das horas compridas, sem pressas ou denúncias.
Tudo se realizava na parcimónia das horas compridas, sem pressas ou denúncias.
Caminhava ausente, a pensar em tudo. Tentava separar os pensamentos das emoções, dos imprevistos, das dores. Às vezes conseguia.
Como um recorte infantil, pairavam à frente do seu nariz , e só por ela visíveis, dezenas de papelinhos com códigos, cores, palavras soltas, versos, imagens, partes de fotografias,de canções.
Como um recorte infantil, pairavam à frente do seu nariz , e só por ela visíveis, dezenas de papelinhos com códigos, cores, palavras soltas, versos, imagens, partes de fotografias,de canções.
Depois, a tarefa era ordená-los por importância ou interesse. Aqueles que ela não compreendia, guardava para mais tarde, na esperança de conseguir perceber o seu significado.
Os que conseguia ordenar eram fixados pelos seus olhos, e imediatamente levados para um lugar seguro e quente, dentro de si.
Alguns eram esquecidos, por não serem suficientemente verdadeiros.
Enquanto isto, continuava a sua viagem sem que nada a incomodasse.
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